quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Caldo de Cultura


The juggler - Michael Parkes
The juggler - Michael Parkes


Você já deve ter ouvido falar desse termo Caldo de Cultura, mas já parou para pensar no que ele significa e de onde veio essa expressão?
Na biologia esse termo trata de um ‘meio nutritivo’ – uma cultura - em que são inseridos células, tecidos ou até mesmo micro-organismos além de outros elementos com o objetivo de nutrir e estimular o desenvolvimento e crescimento. Trata-se de um espaço que funciona como um meio em que convivem diversos elementos que trabalham em sinestesia, em integração e harmonia: um equilíbrio que propicia uma visão do todo em que participam todos esses elementos. Veja o exemplo de um malabarista.
Bolas, arcos ou claves elevam-se no ar e passam a ser sustentados em um movimento preciso e sincronizado sob o olhar do malabarista, um olhar que precisa envolver o todo, um olhar que não pode mirar em apenas um objeto, o todo se perde quando isso ocorre.
O malabarista manipula os objetos no ar e não pode olhar especificamente para cada objeto, ele precisa trabalhar com a ideia do todo integrado...
Como o artista consegue isso sem olhar para cada objeto?
Isso é possível graças a Cinestesia ou Kinestesia, ou seja, a percepção consciente da posição e dos movimentos do próprio corpo ou da manipulação de objetos por esse corpo sem o auxílio direto na visão, mas graças à percepção dos músculos e do sistema vestibular, localizado no ouvido interno que é responsável pela manutenção do equilíbrio do homem.
Temos outros significados para esse termo, correlacionados.
“Há certa confusão em relação aos termos sinestesia e cinestesia: o segundo termo (cinestesia) refere-se ao sentido muscular, a um conjunto de sensações que nos permite a percepção dos movimentos (Michaelis, 1998); o primeiro termo (sinestesia) refere-se a uma sensação secundária que acompanha uma percepção, ou seja, uma sensação em um lugar originária de um estímulo proveniente de um estímulo de outro (Michaelis, 1998 e Dorsch, 1976). Portanto, é importante termos em mente que o termo sinestesia empregado neste trabalho não se restringe à percepção do movimento e suas propriedades (peso e posição dos membros), mas engloba um conjunto geral de percepções e sensações interligadas por processos sensoriais”. (Fonte)
Juggler - Michael Parkes
Juggler - Michael Parkes

A Sinestesia também existe como concepção estética, um movimento de retorno ao subjetivismo e à sensação, fruto do simbolismo. Essa concepção estuda a inter-relação entre os símbolos e elementos, existe uma ligação intrínseca entre os objetos e a natureza, como por exemplo, entre cores, cheiros e sons. A palavra Sinestesia significa a junção de sensações e percepções.
Portanto, trata-se de uma condição neurológica na qual o estímulo em um dos sentidos provoca uma percepção automática em outro sentido. Muitas pessoas enxergam cada letra ou número de uma cor diferente, algumas pessoas imaginam ou veem os sons, outros podem expressar a experiência de sentir o sabor de palavras ou formas, o cheiro dos objetos etc.

“Hoje eu desenho o cheiro das árvores.”
“Estou atravessando um período de árvore (...)
No meu morrer tem uma dor de árvore”. Manoel de Barros

O processo de aprendizagem e de produção do conhecimento, ou podemos dizer também o desenvolvimento de um caldo de cultura, envolve uma série de elementos que precisam se manter em constante movimento e que só funcionam juntos, e para que esse movimento não se perca é necessário olhar o todo, objetivar o equilíbrio e a visão ampliada. Se o foco se prender a apenas um elemento o jogo termina, as bolinhas caem.
Esse é um espaço em que estarão no ar a cultura, a educação, a arte, a filosofia e a tecnologia. Pois tudo é um, e no ar a magia do malabares só acontece porque todas os objetos estão em constante movimento.
Que comece o espetáculo!


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