segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Como é feita a avaliação sobre analfabetismo funcional



O INAF (Indicador de Alfabetismo Funcional) há 10 anos, promove a apuração de indicadores de analfabetismos funcional no Brasil através de testes e questionários que são aplicados em domicílio. Esse indicador pretende indicar qual o percentual de brasileiros que possuem conhecimentos rasos de leitura, escrita e números, e apresentam dificuldades de compreensão de textos, problemas de matemática e dificuldades com o raciocínio lógico.
No Instituto Paulo Montenegro, organização sem fins lucrativos, vinculada ao IBOPE, que tem por objetivo desenvolver e executar projetos na área de Educação, podemos obter informações atualizadas sobre o processo de avaliação usado no INAF.
Em 2006 o INAF adotou o método de avaliação estatística intitulado Teoria da Resposta ao Item (TRI). O Doutor em Estatística em Educação, Tufi Machado Soares, foi contratado para realizar a adaptação dos testes do INAF à nova teoria.  Segundo professor Tufi “o INAF é uma medida psicométrica do que os especialistas entendem conceitualmente como o Alfabetismo Funcional dos indivíduos. Atualmente, essa medida é definida com base nas pontuações brutas alcançadas pelos indivíduos no teste especialmente construído para isso. A medida da habilidade do Alfabetismo Funcional em leitura e escrita, por exemplo, obedece a uma escala de 0 a 20 pontos de acordo com o número de acertos desses 20 itens”.
Psicometria envolve um conjunto de processos e métodos de medida utilizados nos estudos de Psicologia.  O teste da Teoria da Resposta ao Item, foca o item, ou a seja, a questão, “propondo modelos teóricos que representam o comportamento das respostas atribuídas ao item como uma função da habilidade do indivíduo. Nesse processo, ela procura explicitar determinadas características dos itens, como sua dificuldade e sua capacidade de diferenciação”, explica Tufi. “A partir desses modelos, técnicas estatísticas são empregadas para obter as medidas das particularidades dos itens e as medidas das habilidades dos indivíduos. Como, em geral, esses modelos não variam nos diferentes grupos de indivíduos, torna-se possível comparar as medidas de habilidade obtidas, mesmo quando se empregam testes diferentes”.
Essa teoria permite que a avaliação se baseie mais em informações do que em pontuações, analisando cada item, permitindo inclusive a inserção de novas questões nos testes em futuras aplicações no INAF. Essa teoria aplicada ao INAF será desenvolvida a partir de uma parceria com o LAMP, pesquisa desenvolvida pelo Institute for Statistics (Instituto para Estatísticas) da UNESCO Canadá, para que os resultados obtidos nos testes possam ser comparados entre países, já que a questão do analfabetismo é um problema mundial que tem sido entendido como uma das prioridades para governos internacionais. Cada teste do LAMP será adaptado às condições socioeconômicas e realidades socioculturais e linguísticas de cada país.
E o que é avaliado exatamente? Não se trata apenas de avaliar se alguém é capar de ler ou não, mas se é capar de entender instruções em uma bula de remédio, em um formulário, fazer cálculos e principalmente avaliar a aptidão para interpretar e usar essas informaçõesem seu cotidiano. Ler não é interpretar.
O homem que não lê bons livros não tem nenhuma vantagem sobre o homem que não sabe ler (Mark Twain).
No livro “O que é leitura”, da Prof. Dr. Maria Helena Martins, especialista em Teoria Literária, temos a ideia de leitura é normalmente restrita ao livro, ao jornal e ao texto propriamente dito. Ler está muito associado às palavras. “As ciganas, contudo, dizem ler a mão humana, e os críticos afirmam ler um filme. O fato é que, quando escapa dos limites do texto escrito, o homem não deixa necessariamente de ler. Lê o mapa astral, o teatro, a vida – forma a sua compreensão de realidade”.
Ler um texto ou uma obra de arte envolve dar sentido ao que se lê, levando em conta a situação desse objeto (texto, obra, filme etc) e também do leitor. Contextualizar. E esse processo não está presente de forma adequada em muitas situações vividas pelo analfabeto funcional. A educadora brasileira Ana Mae também discute o processo de aprendizado, leitura e releitura das obras de arte a partir de uma abordagem triangular que valoriza o contexto.
A leitura, independente de um contexto escolar, vai além do texto escrito, trata-se do ato da interpretação e compreensão de expressões, tanto formais quanto simbólicas, estejam no meio de linguagem que estiverem. Não importa. A partir disso a leitura ganha espaço no entendimento do processo de aprendizado de cada coisa no mundo e em nós.
Leia nosso primeiro artigo sobre esse tema e saiba mais sobre o que é analfabetismo funcional aqui.

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