terça-feira, 23 de outubro de 2012

A Proposta ou Abordagem Triangular – Ana Mae




A Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa é hoje a principal referência do ensino da arte no Brasil. A educadora brasileira Ana Mae, foi pioneira na sistematização do ensino de Arte em museus, quando foi diretora do MAC.  Essa abordagem é a base da maioria dos programas em Arte-educação no Brasil. A proposta triangular surgiu em e foi o primeiro programa educativo do gênero e consiste no apoio do programa de ensino de Arte em três abordagens para efetivamente construir conhecimentos em Arte: Contextualização histórica (conhecer a sua contextualização histórica); Fazer artístico (fazer arte); Apreciação artística (saber ler uma obra de arte).
Tratam-se então da leitura da obra, leitura do contexto da obra e fazer artístico... Raramente as três dimensões são abordadas juntas.
Ana Mae costuma usar a expressão "o reencantamento" para dizer que a educação perdeu o encanto... E sem ele fica tudo raso, um amontoado de números sem sentido... Para ela “arte é cognição, uma cognição para a qual colaboram os afetos e os sentidos”, pelo que o ensino da arte nas escolas deve incentivar a criatividade, facilitar o processo de aprendizagem e preparar melhor os alunos para enfrentarem o mundo. E como é o nosso mundo?
O mundo dos números, dos planos estratégicos, autocráticos ou participativos. Ambos são apenas planos. A partir de planilhas e simuladores podemos trabalhar com o previsível e o seguro, mas o previsível não existem mais. É apenas uma ilusão de estabilidade e controle, nada mais. Citando Ana Mae Barbosa, "a flutuação contextual torna qualquer definição ambígua e controversa. Logo, é da controversia e tolerância à ambiguidade que trata o pós modernismo.”
Por que falar de Ana Mae Barbosa hoje? Porque é no território da arte que a não resposta é a experiência virtureal que estamos vivenciando e não compreendendo ainda.
Para Ana Mae Barbosa, “Arte/Educação é todo e qualquer trabalho consciente para desenvolver a relação de públicos (crianças, comunidades, idosos, etc.) com a arte, como em um diálogo em que um está dentro do outro.
Essa tríade permite que o aluno compreenda uma obra de arte e em que condições ela foi feita, como era o mundo e as pessoas daquela época e a partir disso é possível comparar com os dias atuais, os materiais usados, os novos contextos, etc. O processo da tríade precisa ser interlaçado, não pode separar cada fase e distanciá-las. Ana acredita que o processo de estudar e fazer arte devem ser pensadas a fim de desenvolver a cognição e também uma forma de aprendizagem.
O pós-modernismo caracteriza-se por um uso do sentido crítico para que possamos não apenas apreciar a arte, mas compreendê-la. Mais que isso é preciso entender e analisar criticamente esse mundo extremamente visual em que vivemos, de estímulos constantes que acabamos absorvendo sem tempo para críticas. Segundo Ana “em nossa vida diária, estamos rodeados por imagens impostas pela mídia, vendendo produtos, ideias, conceitos, comportamentos, slogans políticos etc. Como resultado de nossa incapacidade de ler essas imagens, nós aprendemos por meio delas inconscientemente. A educação deveria prestar atenção ao discurso visual. Ensinar a gramática visual e sua sintaxe através da arte e tornar as crianças conscientes da produção humana de alta qualidade é uma forma de prepará-las para compreender e avaliar todo tipo de imagem, conscientizando-as de que estão aprendendo com estas imagens”.
O processo de contextualizar uma obra de arte não precisa limitar-se às informações biográficas e históricas, no entanto, elas complementam o entendimento da imagem. O importante é aliar essa base teórica com o fazer artístico, com a experiência, com a prática, a vivência. Esse é o momento em que pode interagir com a obra, aplicando na prática os conceitos estéticos e poéticos abordados durante a leitura e contextualização.
Todo o processo do saber precisa do fazer e da poesia... da arte.  "A poesia, atualmente, talvez tenha mais a nos ensinar do que as ciências econômicas, as ciências humanas e a psicanálise reunidas". Felix Guattari
Estão todos com fome e não sabem do quê... Talvez seja de viver, de vivência, de fazer.

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