segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Três janelas


É a partir destes três objetos-documentos que pretendemos conversar sobre os atores sociais do sistema educacional, suas relações e como eles tem sido incluídos/excluídos do grande debate sobre a qualidade da educação no país. As janelas estão abertas, cada uma se abre para uma paisagem diferente  e podemos respirar por elas, não precisamos mais morrer sufocados.
Diário de Classe I

“Quero melhor não só pra mim, mas pra todos”. É assim que Isadora Faber, de 13 anos, anuncia sua página no Facebook dedicada a mostrar os problemas enfrentados pela escola pública em que estuda. A aluna Isadora estuda na Escola Maria Tomázia Coelho, no Santinho, em Florianópolis e resolveu criar a página no Facebook intitulada como “Diário de Classe”, mas não imaginava a imensa repercussão que ela teria.
Nesse longo processo de reprodução simbólica que se tornou a educação brasileira, tanto alunos quanto professores, estão cansados e desmotivados, distantes e em eterno conflito. Somado a isso está o descaso das políticas públicas que deixam faltar até mesmo o básico como saneamento, material, estrutura, alimentação adequada e tantas outras coisas que se alternam em rodízios há décadas.

Isadora teve uma atitude corajosa, motivada pelo cansaço da inação. E encontrou na Web um cenário propício para o compartilhamento de suas ideias e desabafos, e um imenso público que também quer falar, contar suas experiências e buscar uma transformação real. A cooperação é superior à competição e as tecnologias permitem cooperar em larga escala. (Manuel Castells).
Essa experiência nos prova o quanto a cooperação na web dá resultados, e como as pessoas podem se unir para aprenderem juntas,  compartilharem e trabalharem por soluções.
Para aqueles que gostam de cultivar o hábito confortável de apenas reclamar e nada fazer, o cerco está fechando. Pois a hora da vez é para quem quer realmente mudar, pra quem quer realmente fazer!
Estudante Isadora Faber

LA EDUCACIÓN ESTÁ PROHIBIDA!
“Muito pouco do que se passa na nossa escola é verdadeiramente importante. Nos ensinam a estar longe uns dos outros e a competir. Pais e professores não nos escutam. Por tudo isso dizemos: basta! A educação está proibida”. É esse o texto que alguns alunos elaboraram para ler em um dos eventos comemorativos de uma escola, no entanto a diretora não aprova dizendo que esse texto contém palavras agressivas e que se trata de profunda falta de respeito com a escola. Pede para que modifiquem e suavizem as palavras escolhidas. Um dos alunos diz: “E desde quando dizer o que se pensa é falta de respeito?”.
A Educação Proibida é um documentário que se propõe a questionar as lógicas da escolarização moderna e a forma de entender a educação, mostrando diferentes experiências educativas, não convencionais que propõem a necessidade de um novo modelo educativo.
Pra que serve a escola? Ela foi inventada em algum momento na história?  O documentário nos relembra e alerta para as condições em que o momento educacional, como o conhecemos, nasceu. Fruto de um modelo espartano de educação militar, em que aos reprovados eram garantidos os castigos e torturas. Posteriormente, no século XIX, esse modelo foi utilizado pela Prússia para criar “bons súditos”, instruídos para a obediência, a disciplina, o regime autoritário, em uma sociedade fortemente dividida por castas e classes sociais. Em Atenas, não existiam escolas, grupos se reuniam para discutir livremente diversos assuntos. A instrução obrigatória era aplicada apenas aos escravos. Cidadãos ou súditos?
Esse modelo se expandiu para todo o mundo, pois se mostrou “eficiente”. Eficiente para quem?
SEGREDOS DE ESTADO
Histórias que não se pode contar pra ninguém...
Todo mundo sabe o que está acontecendo. Mas ninguém faz nada! Porque os professores temem em falar sobre a escola? “Uma dor que não tem fundo...” (do Conto “Boca do Lixo”, de Rodrigo Ciríaco).  Os professores e diretores têm medo! Medo de retaliação, de perder o emprego ou o cargo.
Segredos de Estado é um documentário que aborda a ausência dos professores da rede estadual de São Paulo no debate público sobre educação. Professores são intimidados a não dar entrevista. Muito em função de uma suposta Lei da Mordaça - revogada no Estado SP em setembro de 2009.
O filme foi apresentado como trabalho de conclusão de Bruno Meirelles no curso de jornalismo da ECA/USP, sob orientação do professor Renato Levi.
Jornalistas de grandes revistas e jornais confessam receber ligações de professores e diretores de escola que preferem não se identificar, mas denunciam os diversos problemas que ocorrem nas escolas.
É a partir destes três objetos-documentos que pretendemos conversar sobre os atores sociais do sistema educacional, suas relações e como eles tem sido incluídos/excluídos do grande debate sobre a qualidade da educação no país. As janelas estão abertas, cada uma se abre para uma paisagem diferente  e podemos respirar por elas, não precisamos mais morrer sufocados.
Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
- para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.

O encontro será no dia 15/09 às 10hs – on line.
Link para acesso ao debate: http://www.livestream.com/i9areduc4
O link será aberto no dia do evento!
EVENTO GRATUITO!
Sugestão de leitura para o debate :)
1. Conheça o longa-metragem independente La Educación Prohibida (2h25 min) http://migre.me/aBiN6
2. “Quero melhor não só pra mim, mas pra todos”. Isadora Faber e o polêmico Diário de Classe http://migre.me/aBiOm
3. "Segredos de Estado" (58 min) - um documentário que aborda a ausência dos professores da rede estadual de São Paulo no debate público sobre educação. http://metafora.me/content/segredos-de-estado%20

Realização: REDE INOVAREDUCA

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