segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Sem pedestais para educadores ou estudantes


Não se trata de subir o jovem em um pedestal e servi-lo como a uma realeza. Não se trata de mimá-los e deixa-los fazer o que quiserem imprudentemente.
Trata-se de eliminar os pedestais e abrir um círculo, uma roda, em que se sentem jovens e educadores, lado a lado, como uma equipe, um grupo, harmoniosamente.  Mas vejamos se isso é possível baseado nas seguintes ações:
- Anunciar aos jovens decisões já tomadas, reservando-lhes apenas o dever de acatar;
- Decidir previamente e depois tentar convencer o grupo a assumir a decisão, tomada pelo educador, como se fora sua própria decisão;
- Apresentar uma proposta de decisão e convocar o grupo para discuti-la;
- O educador apresenta o problema, colhe sugestão dos jovens e depois decide;
- O educador apresenta o problema, colhe sugestões e decide com o auxílio do grupo;
- O educador estabelece os limites de determinada situação e solicita aos adolescentes que tomem decisões dentro desses limites;
- O educador deixa a decisão a cargo do grupo, sem interferir no processo que a originou.
O pedagogo mineiro Antônio Carlos Gomes da Costa, em seu artigo “O Adolescente como Protagonista”, apontou as opções acima como um pequeno elenco de posturas assumidas pelos adultos ao trabalhar com adolescentes.
As duas primeiras opções são as costumam ocorrer com maior frequência, inclusive na educação dentro de casa: “Anunciar aos jovens decisões já tomadas, reservando-lhes apenas o dever de acatar; Decidir previamente e depois tentar convencer o grupo a assumir a decisão, tomada pelo educador, como se fora sua própria decisão”. É mais fácil dizer como fazer e pronto, mandar e exigir a obediência. Sem reflexão, sem avaliar pontos de vista, sem deixar que os jovens exercitem sua capacidade de solucionar problemas.
Ou muito pior, a última opção “O educador deixa a decisão a cargo do grupo, sem interferir no processo que a originou”, a liberdade total, sem orientação alguma. Seria o mesmo que deixar que os jovens pulem no oceano e nadem sozinhos enquanto o educador fica olhando para o outro lado, sem interferir.
Uma das opções acima trabalha da forma mais adequada para desenvolver no grupo ahabilidade de refletir e solucionar problemas a partir da orientação do educador, ou seja, os alunos irão saltar no oceano e um guia (educador) irá dizer onde estão os perigos, o que fazer frente aos problemas, mas permitir que cada um vivencie sua experiência única, apoiando apenas quando necessário.
Dá mais trabalho ouvir. Dá mais trabalho orientar. É sempre mais fácil mandar e pronto. O que não é fácil é lidar com as consequências desse tipo de educação que inibe o potencial criativo e intuitivo dos estudantes tornando-os sem vida, sem iniciativa, prontos a seguir o caminho que alguém aponte, ansiosos, tolhidos, confusos e que percebem que algo está errado, que estão despreparados e dependentes de adultos.
“Tu me dizes, eu esqueço.
Tu me ensinas, eu lembro.
Tu me envolves, eu aprendo”.
Benjamim Franklin
Antonio Carlos reflete que "A participação é a atividade mais claramente ontocriadora, ou seja, formadora do ser humano, tanto do ponto de vista pessoal como social. Educar para a participação é criar espaços, para que o educando possa empreender, ele próprio, a construção de seu ser. Aqui, mais uma vez, as práticas e vivências são o melhor caminho, já que a docência dificilmente dará conta das múltiplas dimensões envolvidas no ato de participar. Na vivência dessa pedagogia, o educador já não pode limitar-se à docência. Mais do que ministrar aulas, ele deve atuar como líder, organizador, animador, facilitador, criador e co-criador de acontecimentos, por meio dos meios dos quais o educando possa desenvolver uma ação protagônica."
Segundo Antonio Carlos, “a evolução do trabalho com um grupo de adolescentes empenhados em decidir, a partir de uma ação protagônica, segue de modo geral as seguintes etapas":
  • Apresentação da situação - problema
A situação-problema deve ser apresentada do modo mais realista e desafiante possível. É necessário embasá-la em dados, informações e objetivos
  • Proposta de alternativas ou vias de solução
Deve-se procurar extrair do grupo o maior número possível de alternativas de solução, para o problema apresentado.
  • Discussão das alternativas de solução apresentadas
As propostas devem ser discutidas e criticadas livremente. O grupo deve estar consciente de que são as ideias, e não as pessoas que as apresentaram, que estão em julgamento.
  • Tomada de decisão
Durante a discussão, o grupo vai descartando as alternativas mais inviáveis e inconsistentes, até chegar à decisão final, que pode ser unânime ou majoritária. Só em caso de omissão da maioria do grupo, a solução deve ser minoritária. Essa, contudo, é uma situação indesejável, que deve ser evitada ao máximo pelo educador.
Já faz tanto tempo que trabalhamos com tudo isso e parece que ainda há tanto por fazer entender. É que não se trata de uma questão de leitura e sim de experiência - viver é muito mais complexo do que apenas ler! Não é preciso escolher um lado, ou a obediência ou a inconsequência; ou a leitura ou a prática, ou a teoria ou o fazer, não somos seres dualistas. Somos seres complexos, e não difíceis.

Esse é um vídeo chamado "Murmurinho", não vamos dizer nada, o impacto será muito melhor quando você assistir...


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