quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A inteligência coletiva e conhecimento aberto


Os autores Ana Maria Di Grado Hessel e José Erigleidson da Silva, integrantes do Grupo de Pesquisa EDVIRT, da PUC-SP, tratam, no artigo “A inteligência coletiva e conhecimento aberto: relação retroativa recursiva” sobre a inteligência coletiva no espaço virtual de aprendizagem da web 2.0.

A proposta dos autores é entender como se dá a relação entre a emergência de tantas novidades tecnológicas (produto da inteligência humana) e a constante renovação das formas de produção de conhecimento aberto em um mundo 2.0, extremamente comunicativo, aberto e livre. 

Fonte: WIKIMEDIA http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Espiral_retroativa_recursiva.png

“Inteligência coletiva e conhecimento estão imbricados e não podem ser compreendidos de forma fragmentada. A inteligência coletiva gera o conhecimento e o conhecimento gera a inteligência coletiva. Em outras palavras, a inteligência coletiva produz e é produzida, assim como o conhecimento produz e é produzido. A relação é retroativa recursiva e o movimento espiralado sugere o percurso evolutivo decorrente da relação dialógica entre inteligência coletiva e conhecimento, representada pelo TAO”. É assim que os autores iniciam a reflexão sobre como o conhecimento e a inteligência coletiva são parte de um mesmo ciclo e como a lógica linear positivista acabou nos levando a fragmentar as coisas e a perder a noção ampla do processo espiralado que está representado na imagem acima.

A inteligência individual se desenvolve a partir do conhecimento e da cultura externa a qual estamos expostos. Sozinhos ou em grupos produzimos mais conhecimento, que será utilizado e beneficiará muitas outras pessoas, gerando assim um ciclo que é constantemente alimentado. “Há uma relação circular aberta entre esses dois polos, que evoluem no formato de uma espiral”. Esse ciclo é a inteligência coletiva, pois o conhecimento não se desenvolve sozinho. Nossa inteligência humana individual é apenas um recurso, mas que necessita da interação com outros conhecimentos registrados, outras experiências, pois não somos capazes de viver tudo, prever e resolver tudo. Vivemos em redes sociais muito antes do aparecimento da internet. Somos seres sociais, vivemos em grupo e dependemos disso em vários aspectos.


Foi Levy quem popularizou o termo inteligência coletiva e a definiu como “É uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências”. Ana e José complementam essa definição dizendo que essa ideia de Levy trata do contexto de desenvolvimento mútuo entre as pessoas. 

Com a Web 2.0 nos tornamos mais autônomos, mais engajados nas redes sociais, com maior chance de acesso a uma miríade de informações. A web tornou-se uma imensa plataforma interativa, interdisciplinar e transdisciplinar, onde somos autores, leitores, produtores e coautores em um espaço de discussão coletiva, uma teia construída pelo coletivismo, onde cada pequena ação e contribuição são mais importantes que a imensa sabedoria de apenas um. Uma inteligência coletiva é uma teia plural, dinâmica, contínua e sustentável.

Recursividade e retroatividade

E quais os operadores cognitivos do pensamento complexo que compõem esse sistema dinâmico da evolução da inteligência coletiva e do conhecimento? Recursividade e retroatividade. Ao observarmos o ciberespaço podemos perceber que ele funciona em um ciclo de alimentação e produção que o mantem em contínuo crescimento. Segundo Ana e José “a interconexão tece as relações, vínculos são estabelecidos nas comunidades virtuais e a inteligência coletiva abarca o crescimento das capacidades cognitivas”. O crescimento do ciberespaço é ao mesmo tempo causa e efeito.

Nesse novo cenário digital surge uma nova ética de abertura para o conhecimento,  em que ele pode ser compartilhado, produzido e reutilizado de maneira aberta com o objetivo de fomentar o conhecimento e a aprendizagem e é nesse cenário que surgem os Recursos Educacionais Abertos (REA). Os autores os definem como sendo “materiais digitais disponíveis na web, de livre acesso para uso no ensino e pesquisa. Alguns atributos caracterizam seu uso, tais como conteúdo aberto e gratuito, licenciado e livre para ser modificado”. 

A visão acerca da inteligência e do conhecimento é complexa e os novos aparatos tecnológicos e o novo cenário digital proporcionaram mudanças e despertaram a atenção para novas necessidades humanas e cognitivas que precisam de maior estudo e aprofundamento no que concerne ao ensino-aprendizagem. Esse debate precisa se intensificar e incorporar os novos conceitos da web 2,0: abertura, comunidades, autoria, reuso, coautoria, coaprendizagem.





Um comentário:

  1. Essa leitura, foi de fundamental importância na construção da minha Tese de Doutorado.

    Obrigadíssima.

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