terça-feira, 19 de junho de 2012

Mudanças socioeconômicas disruptivas e o processo do ensino-aprendizagem


Confira aqui o que rolou no InovarEduca I, que aconteceu na unidade Berrini da FVG, no dia 26 de abril de 2012.

Após a fala de introdução de Marcos Vasconcelos em agradecimento a presença de todos, o Prof. Dr. Miguel Sacramento (engenheiro pela USP, especialista em Administração pela FGV, doutor pela USP, consultor nas áreas de Operações e Estratégia em empresas de diversos segmentos e professor da EAESP/FGV) inicia a apresentação que tratou das mudanças disruptivas que influenciaram as transformações socioeconômicas mais significativas na evolução da humanidade.

Mas o que é uma mudança disruptiva? É aquela que cria um novo mundo e consequentemente deixam órfãos, todos aqueles que não acompanham ou se adaptam às novidades acabam ficando para trás no processo de evolução subsistindo ou sendo gradativamente destituídos de suas posições profissionais, sociais e econômicas. Está claro que a mudança de caráter socioeconômico é aquela que promove o maior impacto.

Após a fala de introdução de Marcos Vasconcelos em agradecimento a presença de todos, o Prof. Dr. Miguel Sacramento (engenheiro pela USP, especialista em Administração pela FGV, doutor pela USP, consultor nas áreas de Operações e Estratégia em empresas de diversos segmentos e professor da EAESP/FGV) inicia a apresentação que tratou das mudanças disruptivas que influenciaram as transformações socioeconômicas mais significativas na evolução da humanidade.

Avaliando a evolução do homem em suas diversas “versões”, observa-se que ele viveu três grandes sistemas sociais:

1º Pré-civilização (há bilhões de anos): caracterizada por grupos nômades, que aprendiam por meio da observação e com objetivos que permeavam a sobrevivência. Esse período durou cerca de 150 mil anos.

2º Agricultura: caracterizada pelo sedentarismo dos grupos, pela agricultura e pelo convívio social acentuado. Esse período durou cerca de 10 mil anos.

3º Revolução Industrial (século XVIII): caracterizada pela invenção da tecnologia a vapor, por uma intensa demanda por conhecimentos de toda ordem. Esse período durou apenas 200 anos, encerrando-se em 1991, com o surgimento da World Wide Web, baseada na linguagem HTML, que popularizou a internet mundialmente, graças a Tim Berners Lee. Em apenas 20 anos a internet causou uma enorme mudança disruptiva e quanto maior a mudança e menor o tempo que ela leva para acontecer, mais órfãos ela deixa para trás.

Nota-se que as pressões adaptativas e as inovações tecnológicas levaram a humanidade a intensificarem o processo de evolução, demandando cada vez mais conhecimento em cada vez em menos tempo. Hoje se vive no período Pós Revolução Industrial, em que o conhecimento aumenta em complexidade em grande velocidade.

Miguel também considerou os estudos do físico argentino Ernesto Sábato sobre como as sociedades se estruturavam, movido pelo questionamento acerca da desaceleração do progresso na América Latina em 1968. A estrutura social baseou-se sempre em três elementos, como em uma pirâmide: Governo, Universidade e Indústria. O alinhamento desses elementos define o desenvolvimento da sociedade. A cada época um desses três elementos foi destacado, como por exemplo, até a década de 1990 esse elemento foi o governo. Com o surgimento do fenômeno globalização cada um dos elementos funciona separadamente, porém existem áreas centrais de funcionamento integrado. No século XXI o estado e a indústria cedem mais espaço para uma sociedade agora estabelecida “em rede”, sob uma velocidade crescente. Essa velocidade transforma a pirâmide uma Tríplice Hélice: sistemas produtivos, governo e universidade, e a sociedade ganha o destaque com a nova economia da Sociedade da Informação.

Uma avaliação entre o período de 1860 a 2008 analisou as condições socioeconômicas mundiais e suas transformações em relação às atividades econômicas desenvolvidas ao longo desses anos, desde o extrativismo até o setor atual de serviços. Os resultados revelaram que o grau de escolaridade, a remuneração, a quantidade de postos de trabalho e a capacidade de distribuição de renda aumentaram exponencialmente enquanto que o valor de investimento de base ativo e investimento na estruturação de postos de trabalho diminuíram.  Em 1860, cerca 80% do PIB provinham de atividades agrícolas e industriais. Hoje essa porcentagem foi reduzida a 14%. Os produtos tornaram-se apenas uma plataforma necessária para a venda de serviços. Outro exemplo que reforça essa avaliação é a estabilidade dos setores da indústria e de agronegócios norte-americanos desde 1940. Só no Brasil, a prestação de serviços já gerou mais de 80 mil vagas em pouco tempo.

De acordo com Peter Drucker, a educação será a indústria de maior crescimento nos próximos anos. Os gastos em educação em todo o mundo vêm crescendo rapidamente.

Voltando à Tríplice Hélice, o importante é perceber que o fluxo do conhecimento mudou e a energia não surge mais do centro. O conhecimento não vem mais somente da academia para depois ser transferido ao meio socioeconômico. A função da academia mudou. O conhecimento hoje está pulverizado e se expande exponencialmente. Se antes as empresas detinham o conhecimento e o guardavam para si, hoje entenderam que a partir do compartilhamento é que se pode contribuir para o conhecimento coletivo e isso tem se intensificado a partir do uso da internet e da mudança no comportamento das pessoas que trabalham, produzem, consomem, aprendem e ensinam com maior autonomia. Vejam algumas iniciativas incríveis que representam essa nova era:

• Intel: investimento em comunicação por meio de ondas cerebrais.

• Crowdsourcing: manuais online em formato de fóruns ou comunidades, que oferecem conteúdo atualizado e dinâmico substituindo os manuais impressos.

• Kahn Academy: mais de três mil filmes online disponíveis.

• MITx: projeto que oferece cerca de seis mil cursos online, sendo que já existem 120 mil alunos em alguns cursos. Como isso seria possível presencialmente?

No entanto, existem alguns obstáculos que dificultam o mergulho na era do conhecimento compartilhado: motivação; baixa pressão social e ambiental, comodismo; má organização do processo de ensino-aprendizagem e confuso processo decisório nesse aspecto por parte do poder dominante; concentração em upstream, atividades econômicas que têm perdido espaço na sociedade; visão imediatista; submissão da estrutura de ensino-aprendizagem; postura paternalista, protecionismo; imobilismo da sociedade.

A pequena contribuição de cada um é mais importante do que a enorme inteligência de apenas um indivíduo.

 Dica de leitura: “Nós somos mais inteligentes que eu” (Barry Libert e Jon Spector). 


Confira a palestra completa nos vídeos abaixo:


Parte 1:




Parte 2:




Parte 3:





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